O último ano

Ou o primeiro do resto de nossas vidas. Chame como quiser. As sensações que sentimos continuam sendo as mesmas. O medo, a insegurança, o nervosismo, tudo o mesmo.
Nossa, falando assim, até parece a pior coisa do mundo! Mas calma, não é não. Muito pelo contrário. É bom demais! Contraditório (e eu não vou muito com a cara de coisas contraditórias), mas é a mais pura verdade. É muito estranho, sabe? Confuso e tudo o mais. Mas não deixa de ser legal só por que não entendemos. Aliás, existem tantas coisas no mundo que não compreendemos e adoramos mesmo assim! Mas vamos voltar ao assunto...
Ser pré-universitário é ser cheio de incertezas. Por exemplo, não sabemos se a escolha que estamos fazendo é a certa. Não sabemos nem se vamos conseguir chegar "lá". Não sabemos quem vai estar lá, se vai ao menos haver alguém la. Não temos como saber se vamos gostar quando estivermos lá. Até por que, vivemos nossa vida toda, até agora, para o colégio. Sendo exclusivamente estudantes. Nossas únicas responsabilidades são: fazer os exercícios que o professor mandou e estudar para as provas. Nada difícil. Nada demais. Mas com o último ano vem também as dúvidas. Mesmo que simulemos milhares de vezes, continuamos sem saber para onde ir no dia das provas. Quando recebemos as notas então?
Estamos tão bem acostumados com essa vidinha. Mudar pra quê? Vou confessar, dá um certo medo. Até por que, é um medo imposto a nós desde que há a mínima oportunidade. A pressão é muito grande! Dos pais, dos familiares, dos professores, coordenadores, amigos. Até quem passa no meio da rua, se ver a fardinha azul com o "pré" atrás, pergunta logo "vai tentar o que?" E esse verbo então? Como assusta! "Tentar". É tão vago, tão sem significado... Tão feio! Não poderia ser "vai fazer o que?", mais concreto, mais conciso. Mas não... É o "tentar" mesmo. Não temos como saber o que vai acontecer. Um tiro no escuro.
Mas é bom também!
Tantos "últimos" que chega a ser divertido. Os últimos jogos interclasse. A última blusa da sala. A última festa, a última semana cultural, a última feira, o último trabalho de classe, o adeus para tudo e para todos. Acho que é a palavra mais falada em todo o 3º ano! Queremos só "viver tudo que há para viver", sem pensar. Só ver, ouvir e viver, como mandava Alberto Caeiro. Sem falar no prestígio! Todos os meninos mais novos olham pra gente com aqueles olhinhos brilhando, como é bom! E os professores antigos, passando, todos falando "nossa, você já está no 3º?" Bom demais!
Como tudo na nossa vida, é bom, mas é ruim também.
Depende do dia e do nosso estado de espírito!

Comentários

Já eu adoro coisas contraditórias...como o fato de todo último implicar em um primeiro. Vai fazer o quê? Taí, nem disse tentar.
Anônimo disse…
você já sabe o que eu achei né? lindo e muito bem escrito como tudo que até agora eu vi tu escrever. por: sua futura inspiração para um livro :*

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