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Mostrando postagens de março, 2017

Meu retrato, e não o de Dorian Gray

Eu estou lendo Oscar Wilde. Mais especificamente O retrato de Dorian Gray. Ainda não terminei. Estou na metade, na verdade. Mas já me deu muita coisa para pensar. Como seria se eu pudesse me observar como Dorian se observa, de fora. Como se não estivesse acontecendo com ele. Como seria minha reação de fronte a um espelho que me retrataria da forma mais humana e pecadora possível. Deu foi um nó na minha cabeça.  Deixa eu explicar: Na história, Basil (artista, pintor, amigo e adorador de Dorian) pinta um quadro de Dorian, que, mais tarde, fascinado pelas reflexões de um certo Lord Henry, nada supérfluas, vê que a sua beleza e juventude é apenas passageiro. Ele se assusta e praga o quadro, por ter marcado uma fase tão linda de sua vida, quando ele, Dorian, iria desgastar-se. Mas o que acontece é justamente o contrário. Enquanto o personagem comete pecados e é acometido pelo tempo, quem muda é o quadro. Ele, Dorian, fica intacto.  Não quereria eu ficar intacta. Já imaginou que

Ser mulher

Desde os princípios da humanidade, e, mesmo depois de todo esse tempo, as mulheres foram incompreendidas. Tiveram seus direitos... que direitos? Tendo que lutar por coisas que eram para ser naturais, tendo que gritar para ser ouvida, a mulher já alcançou muitas conquistas. Mas, mesmo assim, ainda há muito o que caminhar. Muito mais conquistas para serem alcançadas. Houveram dias que tive medo de ser mulher. Tive medo do que isso representava para a sociedade. Tive vergonha de mim mesma. De ser mulher. De ter um corpo de mulher. Vergonha e medo de ser quem sou. De amar quem amo, de fazer o que faço. Mas as mulheres em minha vida, a quem sou muito grata, me fizeram perceber que a vergonha não devia ser minha, mas da sociedade. A sociedade preconceituosa que excluí, a sociedade machista que oprime. Que bate, que abusa, que acha que pode ser mais só por ser a maioria (de homens). Por essas mulheres guerreiras que me inspiram só tenho a agradecer. Elas me ensinaram que eu val

Que descuido meu

"Que descuido meu, pisar nos teus espinhos", é assim que começa a música. Pensei durante muito tempo escutando essa mesma música várias e várias vezes. Que descuido meu, deixar-te controlar minha cabeça. Deixar-te dizer o que quiseres de mim e, ainda por cima, escutar-te.  Que descuido meu, me machucar com tuas palavras. Que descuido grande! Deixar que me influenciasse. Que me importasse mais contigo do que comigo. Com o que irias pensar, achar, julgar, apontar... Que descuido meu achar que não sou o suficiente. Eu sou sim. Sou o que sou. Talvez não o que queria ser, mas o que sou. A gente nem sempre quer o que precisa, mas acha que precisa o que quer. Que descuido meu chorar por ti. Achando que isso ia mudar alguma coisa. Que me mudar era a resposta. Que descuido meu me punir pelo que tu fizeste. Pelo que tu achas que és para mim. Pelo que eu acho que tu és para mim. Eu me puni, não foi? Acreditei em ti. Em cada palavra ruim que me disseste. Em cada imagem de mim