Palavras.

Entre as linhas.
Podem me procurar, que lá estarei. Já havia dito de outra vez que para mim, é muito subjetivo essa coisa toda de lar, doce, lar. Pensando um pouco mais sobre isso, acho que talvez tenha achado a resposta. Meu lar não é exatamente aonde eu durmo e passo um tempo. Mas onde habito. E eu? Eu habito onde quer que haja espaço, onde quer que existam linhas onde eu possa escrever. Por que o meu viver está, e sempre esteve, aliás, diretamente conectado com as palavras.
As palavras. Todas elas com tanto significado. Com tanta verdade escondidas dentro de si. Tão simples, tão transparentes. Não tem preconceitos, não são descrentes, não são crianças, adolescentes ou adultos, não tem profissão, não tem classe social. São apenas palavras. Podem ser sérias, ou podem ser brincalhonas. Elas não tem obrigações nenhuma. Podem mudar na hora que quiserem, sem se preocupar. E mudam constantemente! Podem estar sozinhas e ainda assim transmitir lindas mensagens. Podem ser muitas e apenas para contar uma piada.
Ah! as palavras. Nós temos uma relação complicada. Elas me seguem onde quer que vá, mas, para meu grande alivio, elas não tem ciúmes. Se misturam facilmente, são voluvéis.
Elas são como mágica. Mesmo que se escreva sobre coisas que não se conheçe, que não existem, que são impossíveis, elas dão sempre um jeitinho e entram na cabeça da gente que lê e faz a gente acreditar. Como se aquilo fosse a coisa mais fácil. E é, aliás. Por que a palavra é a mãe da imaginação, manda nela com a maior facilidade!
Em cada linha, uma entrelinha. Em cada vírgula, uma possibilidade. Em cada reticência um futuro. Em cada dois pontos, uma solução. Em cada ponto final, um mistério. Em cada exclamação uma certeza, em cada interrogação uma resposta.
Mesmo que não as escrevamos, as escutamos todos e todos os dias, em cada esquina, em cada amigo, em cada inimigo até. Precisamos delas a todo o custo.
E elas me consomem. Me consomem diariamente e mesmo que eu não queira. Mas tudo bem, por que normalmente eu deixo, geralmente eu quero. Acabei me adaptando à sua presença.
E agora elas mandam em mim, como mandam na imaginação. Vão dizendo e dizendo, e eu escrevendo e escrevendo, como se uma coisa não estivesse conectada com a outra. Como se fosse um processo totalmente independente.
Para mim, viver, e não escrever, não ler, é como não viver.
É como um grande vício, uma grande jaula e um grande prazer.
Então, como já havia dito de início, sempre que precisarem me encontrar: entre as linhas.
Em cada espaço em branco em que haja um lápis, uma caneta, um teclado, até mesmo um batom ou um pedaço de carvão. Não importa muito o estilo, o tamanho, a qualidade, apenas importa estar lá, para nós alimentar, me alimentar. Meu verdadeiro hábitat.

Comentários

Já dizia a linda Dorothy: não há lugar como a nossa casa...se a nossa casa é uma ruma de papel cheio de letras, que culpa nós temos? Lindo post. Amei.
Gabriella Maciel disse…
só ficou "lindo" pq vc que sugeriu! auehuaehuahe. né? que culpa temos nós! ;x
Danielle Martins disse…
Vou começar a ficar com ciúmes!rsrs
Lindo texto, belas palavras... se seu habitat for tão maravilhoso quanto seu texto, fico feliz!
Pode olhar a hora...parabéns pra você, nesta data, querida...

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