Desculpa?

Nem sempre dizer "desculpas" resolve tudo. Por que existem desculpas e desculpas. Há aquelas sinceras e doídas, afinal, pedir perdão, afirmar que está errado, perceber que pode perder aquilo que lhe importa a qualquer momento, essa "desculpa" é sofrida. É cheia de medo. "Será que vai me perdoar? Será que não?". E, na maioria das vezes, é fácil de aceitar. Sentimos o sofrer junto com a pessoa e, simples, assim, perdoamos, sem ao menos pensar duas vezes.
E há o outro tipo de desculpas. Aquelas que todos já pediram. Por exemplo, quando a gente é pequeno, morde o coleguinha da sala e a professora nos manda pedir desculpas ou vamos ficar sem recreio. Funcionava naquela época e temos a mania de estancar no tempo, ficar repetindo tudo o que fazíamos quando crianças. Certo, mascaramos o modo como fazemos, fingindo estarmos "maduros", de cabeça erguida e sem ninguém mandar. Mas continua sendo de boa para fora, continua sendo apenas para não perder o "recreio".
Ok, "quem ama perdoa", é verdade, totalmente verdade e não estou aqui para contestar. Mas que tipo de amor é esse que sai por aí fazendo o que quer, o que bem entende, sem se importar com a pessoa amada? Muitas das vezes a magoando. Mas tudo bem, é só pedir desculpas, não é mesmo?
Não. Não é bem por aí não. Primeiro, para esclarecer: o amor que falo é qualquer amor (já que existem tantos). Segundo: o amor próprio que devemos ter é maior do que os outros amores citados.
E, na minha opinião, se a gente ama a nós mesmos, nosso bem estar e felicidade, não podemos sair por aí perdoando tudo e qualquer coisa. Até por que, se a pessoa já sabe que sempre vamos desculpar, que sempre voltamos pro "finge que nada aconteceu", então as desculpas passam da validade, já são ditas automaticamente, apenas um ritual, não existe mais dor ou arrependimento.
De boa? Estou cansada de desculpas. Das que digo e das que ouço o tempo inteiro. Sei a dor que sinto ao pedir desculpas, mas não quero ter que pedir, quero não mais errar. Assim como estou cansada de ouvir desculpas esfarrapadas. Cada uma delas faz uma ferida, que nunca é completamente fechada. Estão sempre lá, esperando para serem lembradas.
Não sou boa em fingir. Não consigo fingir que perdoei, que não me machuquei, que não fico lembrando daquilo o dia inteiro. Por que a verdade é que eu fico. E dói. Dói profundamente sentir que o amor que nutro por alguém está se esvaindo. Indo embora parte por parte, junta a cada pedido de desculpas.
E não há nada que eu possa fazer, além de lamentar.

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