Duplo sentido

Parece tudo tão estranho. Fora do lugar, entende? 
Me adaptei a sua ausência. Pareceu bem fácil para falar a verdade. Você estava lá, sempre lá. E de repente se foi. Então eu me acostumei. Arranjei o que fazer quando senti sua falta. Fingi que foi uma escolha.
Mas agora, mesmo depois de tanto tempo, (por que faz muito tempo mesmo) olhando para trás, ainda parece tudo estranho. Sem você. E você está lá, quieto no seu canto. Só não faz mais parte da minha vida.
A vida é mesmo muito difícil. Nos dá o que amar, o que se apegar, carinho, compreensão e companheirismo. E daí tira. Simples assim. Por que temos que nos adaptar? Por que temos que sair do caminho e evitar constrangimentos? Por que temos que apenas aceitar o que a vida nos dá? E se eu quiser mais? Se eu puder ter mais? Se eu não conseguir tirar da cabeça o desejo de mais, da possibilidade de ter mais?
O passado não existe só por existir. O passado me fez o que sou no presente. Foi importante para minha formação, por que tenho que esconder-me dele e guardá-lo numa pequena caixa a sete chaves debaixo da cama, como se fosse um bicho-papão? Não tenho vergonha do meu passado.
Eu decidi que quero mais. Que quero ter pelo menos a consciência limpa de que tentei. De que fui atrás do que queria. Eu sempre vou atrás do que quero! Então eu vou tentar.
Vai doer, não é? Eu sei que vai. Sempre dói. Será que é por isso que todo mundo evita tanto esse momento? Eu tenho medo da dor também, aliás, quem gosta dela?
Mas não posso simplesmente ficar sentada vendo tudo acontecer, como se fosse uma espectadora e não uma personagem. Eu sou sim uma personagem. A principal, está decidido. Não posso deixar passar sem fazer nada. Mesmo que ainda sinta borboletas no estômago, mesmo que me sinta a mais idiota dos estúpidos. Não posso saber se nunca tentar (novamente).
Por que você desistiu, afinal de contas?


Comentários

Danielle Martins disse…
Bem.. se adiantar, EU estou aqui, sempre que precisar, em qualquer situação, muito mais perto do que vocÊ imagina! Te amo!

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