Ideal... para quem?


Todo mundo tem medos. Desde pequena, eu tenho medos. Sou uma pessoa medrosa. No fundo, quem não é? Medo de altura, medo de escuro, medo de roda gigante, medo de se afogar, medo de ser atropelada e medo de ser assaltada. Ok, são medos demais. Mas, talvez, o maior seja olhar no espelho – e não, isso não tem nada haver com meu corpo. Sim com o que eu vejo lá dentro.
Alguém já disse que os olhos são as portas para a alma do dono do olhar. Eu falo disso aí. Tenho medo de me olhar no espelho e não me ver mais. Quero olhar meu reflexo e ver no fundo da minha alma. Por que pelo meio mais prático – olhar dentro de si – está muito difícil de decifrar a senha. Se o espelho é essa chave, então quero vê-lo. Com medo do que vou encontrar. Mas quero ver. Medo de que eu não veja a pessoa que planejei ser, que sonhei ser, que busquei ser, durante toda a minha (breve) vida.
Crianças são criaturinhas adoráveis e interessantes. Seus pensamentos são verdadeiros atos de honestidade. Sinceridade. Ingenuidade. Quando eu era criança, construí um castelo. Não de areia. Não de cartas, nem de bonecas (ok, eu tinha minhas barbies e meus móveis da casa da barbie, mas isso não conta).
O castelo era construído através dos meus sonhos. Sendo que cada um era um bloquinho desses de encaixe. Uma coisa sempre dependia de outra. Por que eu era criança, mas não burra. Eu sempre soube que cada coisa que você faz depende de outras coisas, ao seu alcance ou não. Nem sempre você pode escolher, nem sempre a decisão é sua. E com criança, nunca é. Os pais que têm que ditar e fazer regras.
No meu castelo de encaixe, eu estipulava minhas metas.
- Vou crescer.
- Quando crescer, vou estudar.
- Vou estudar e me formar NISSO.
- Vou fazer um mestrado e um doutorado internacional.
- Vou visitar a Alemanha.
- Vou conhecer o amor da minha vida.
- Vou namorar aquele.
- Vou arrumar um trabalho. O trabalho dos sonhos.
- Vou ser professora.
-...
Uma coisa dependendo da outra. Não tinha nada separado aqui. Só poderia dar baby steps.
Quando me olho no espelho, tento ver a pessoa, que criei apenas em minha mente infantil, lá, no reflexo. Olhando-me de volta. Quero ver a “eu” ideal dentro da “eu” real.
Mas nem sempre ela está lá.
E é aí que começam mesmo as coisas.

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