Será que foi tempo perdido?
Eu nunca soube contar muito bem o tempo. Ele sempre foi meio distorcido para mim. Para todo mundo eu acho. Nunca me apeguei muito no relógio.
Eu durmo cedo. Mas a noite e a manhã correm mesmo é dentro da minha cabeça. Acordo tarde. Gosto de dormir. Mas tenho medo do que ocorre lá dentro, quando estou dormindo.
Mesmo assim, é quando minha cabeça dá uma trégua. Ou pelo menos assim eu penso. Pelo menos não sei o que está acontecendo quando vou para lá.
Sei que o que eu vivo aqui está difícil.
Eu gosto de perder tempo fazendo nada. Pensando na vida. Me torturando sob supervisão da minha mente maquiavélica.
Não que eu escolha ser assim. Não. Não tenho opinião dentro de mim mesma.
Para mim, ler não é perder tempo. Assistir seriado não é perder tempo. Para mim, toda hora é tempo.
O tempo pode ser uma tortura. A lei da relatividade. Se você está do lado de fora, querendo entrar, o tempo passa muito devagar. Acho que é assim que vivo. No país fantástico da relatividade.
Não gosto muito do passado. Do longínquo, do ontem, do minuto que acabou de passar. Do bater do relógio.
Fico esperando o amanhã. O amanhã que "será melhor". O "futuro" que deram à minha geração.
Quero tudo isso para agora. Para ontem. Não aguento mais esperar.
Por enquanto, tudo que posso fazer é isso. Perder tempo.
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