Paranoia

Minha terapeuta disse, ontem, que eu não deveria criar tantas expectativas do mundo. O mundo é sujo, eu disse. As expectativas que crio são o que o deixam menos preto no branco, menos cinza.
Mas agora, depois de ruminar sobre o assunto, talvez eu ache que ela tem razão.
Criar. É o que faz o mundo ter cores para mim. É um processo complicado. É um parto. Cada linha que escrevo é mais uma contração. Eu sofro = eu crio. Acho que foi o Lobão que disse uma vez que só escrevia quando estava triste, por que é da tristeza que saem as melhores reflexões.
Para mim, tudo que vejo pode ser transformado em texto. Isso me deixa um pouco paranoica. Não vivo muito tempo no "mundo real", meus pés estão sempre um pouco mais altos que a cabeça de todo mundo. Eu vivo pensando em escrever. Eu vivo para criar. E tudo que eu vejo tem frases.
Agora para o que importa: quando eu te vi, eu escrevi o texto inteiro de nossas vidas na minha cabeça.

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